O SOM DA INTEGRAÇÃO

Rainelle Cavalcanti

2 min read

Muitos acontecimentos na vida são chamados e, não por coincidência, o corpo costuma estar envolvido no movimento. Quando isso é ignorado, eventos particulares começam a contornar o ser. Não só no exterior, através de símbolos, por exemplo, tentando alcançar algo da razão, mas também internamente, em nossas estruturas concretas e palpáveis, o corpo, a soma.

A sociedade moderna se desenvolveu e tem evoluído com excelência quando fazemos um recorte pelo olhar mecânico da existência, com avanços constantes na tecnologia, e em todos os aparatos que auxiliam o dia a dia, inclusive expandindo progressivamente o entendimento sobre a mente humana. Parece, porém, resistir ao fato de que uma mente precisa de um corpo para existir, que um corpo sem uma mente perde boa parte de sua funcionalidade, e que um cérebro, sem ambos, tende a ruir.

Há um intenso movimento de racionalização da vida que exige pensamento, planejamento, controle afiados e alto desempenho cerebral, deixando pouco espaço para o sentir e se expressar, reduzindo as possibilidades da mente e corpo se manifestarem. Mas não adianta pensar e falar da mente sem escutar as vozes do corpo, que conversam o tempo todo, pedem por atenção quando essa está em falta.

A sensação de estar sempre acelerado ou, ainda, negar a aceleração mas não resistir ao sacudir de pernas mesmo em repouso, sinaliza o descompasso. Quando um sentimento de raiva ou injustiça surge, e isso não é comunicado ou expressado, o resultado costuma acontecer através de dores ou tensões, escancarando a conexão. A falta de ar constante, apesar da tranquilidade e normalidade aparente, denuncia a relação que não cessa entre mente-corpo.

Para os extremos, são incontáveis as situações no dia a dia que deixam de atravessar e passam a domar o corpo por se pensar demais, ou não se pensar nunca. É preciso saber sentir tanto quanto a cabeça parece só saber pensar.

Aquilo que não é elaborado voluntariamente em nossa mente está em curso de se acumular e manifestar a qualquer momento. E o faz, quando menos esperamos, através daquele que sente.